folha de montra
Para a montra do número 132 da Calçada da Estrela o artista Miguel Palma propõe a construção de um dispositivo de observação do interior do corpo humano.
Para isso irá preencher a superfície do vidro com radiografias do corpo humano e optimizar a sua leitura através da construção de uma caixa de luz no interior da loja.
É uma peça que funciona tanto de dia como de noite.
O artista inspirou-se no interior do espaço arquitectónico da loja, que à semelhança de muitos espaços em Lisboa, estão neste momento abandonados e degradados.
Assinala um problema actual da cidade de Lisboa, o abandono do seu centro histórico, o envelhecimento da cidade e da sua população, a falência do comércio local tradicional.
O título de carácter religioso, por contraponto à referência aos instrumentos de diagnóstico científico, pode ser entendido com certa ironia.
Temos os meios para diagnosticar a realidade mas preferimos delegar este papel numa figura mitológica, aceitar com resignação uma certa ideia de destino e de fatalidade. Um certo louvor ao sofrimento, que se confirma na contemplação da doença e da fragilidade da condição humana.
© A MONTRA 2013